Essa pagina depende do javascript para abrir, favor habilitar o javascript do seu browser!
Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > A mobilização social e os desafios da COP 30
Início do conteúdo da página
Últimas notícias

A mobilização social e os desafios da COP 30

  • Publicado: Quarta, 12 Fevereiro 2025 10:49
  • Última Atualização: Quarta, 12 Fevereiro 2025 11:08

A comunidade científica, junto a representantes de diferentes movimentos sociais do Pará e do Brasil, esteve em destaque neste início de fevereiro, na capital paraense. Diante deles, um público de aproximadamente 1.500 pessoas testemunhou diálogos, trocas de experiência e reflexões sobre questões relevantes que atingem o planeta, em especial, a emergência climática, e a importância do debate em torno da sociodiversidade da região amazônica.

Com transmissão ao vivo pelo canal da Universidade no YouTube, a sessão de lançamento do Movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30” colocou em evidência, no auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes, da Universidade Federal do Pará (UFPA), diferentes olhares e saberes, reunidos e apresentados em três painéis expositivos. O primeiro discutiu o tema “A mobilização Social e os desafios da COP 30”, com mediação de Izabela Jatene, docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, e de Flávio Barros, do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares, ambos integrantes da Comissão Executiva da COP 30 na UFPA.

Homem e mulher sentados no palco. Ela segura um microfone.

“Nossa intenção é fazer ecoar mais vozes da Amazônia e a realização deste painel é o reforço dessa coalizão”, ressaltou Izabela Jatene. “Esse painel tem uma importância muito grande porque são as vozes das comunidades, das populações que estão nos maretórios, nos territórios, nos assentamentos rurais, nas terras indígenas, nos quilombos. Não se pode discutir mudanças climáticas sem ouvir essas vozes, as suas lutas na Amazônia, situações como a invasão de seus territórios, veneno, morte, violência. São eles os grandes protagonistas, os guardiões e guardiãs das florestas e dos rios”, enfatizou Flávio Barros.

Na mesa de debates, estiveram como convidados o representante da COP das Baixadas, Jean Ferreira; a representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Jaqueline Damasceno Alves; a representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra do Brasil (MST), Jane Cabral; o vice-diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Glauber Sávio; a militante da Marcha Mundial das Mulheres, Tatiana Oliveira, e a representante da Associação de Discentes Quilombolas da Universidade Federal do Pará (ADQ/UFPA), Vanuza Cardoso. 

“Com toda essa discussão da COP, mas principalmente com uma emergência que é a realidade da crise climática, que fez, no ano passado, o Rio Grande do Sul encher e a Amazônia secar, o Movimento dos Atingidos por Barragens se coloca na posição de entender o que está acontecendo e também de denunciar essa realidade, para contribuir com o processo também de mobilização e organização”, ressaltou Jaqueline Damasceno, representante do MAB. 

Damasceno denuncia, a exemplo de outras pautas, a forma como tem sido conduzida a proposta de criação da Hidrovia Araguaia-Tocantins. “É um projeto que pretende, mais uma vez, destruir o Rio Tocantins, e a gente tem vivido esse embate. O governo estadual e o governo federal dizem que estão protegendo a Amazônia, avançando numa política de proteção ambiental, de cuidado do povo, mas colocam esses projetos que, mais uma vez, vão violar os nossos direitos”, refletiu. Segundo ela, o MAB está formando cerca de 500 lideranças para atuação e mobilização social durante a COP. Além disso, está sendo preparado o IV Encontro Internacional das Comunidades Atingidas por Barragens e pela Crise Climática, previsto para estar entre os eventos que antecederão à Conferência Mundial do Clima, reunindo as populações atingidas por barragens de todas as regiões do mundo. Para ela, há, ainda, uma grande expectativa pela Cúpula dos Povos, que ocorrerá em Belém, em novembro deste ano.

Também estiveram presentes a representante da Associação dos Povos Indígenas Estudantes na Universidade Federal do Pará (APYE), Jhosylene Silva; a representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Maria Nayan; o representante da Organização Não Governamental: Organização da Livre Identidade e Orientação Sexual do Pará (ONG OLIVIA), Marcos Melo; e o integrante  do Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa), Luiz Arnaldo Campos.

Em sua fala, a militante da Marcha Mundial das Mulheres, Tatiana Oliveira, salientou que a oportunidade trazida pela Conferência das Partes (COP 30) simboliza para os amazônidas o desafio de denunciar o sofrimento das pessoas diretamente afetadas até mesmo pelas políticas ambientais já adotadas no Brasil. “A política da compensação de carbono é dramática pra gente. O que a gente recebe de relatos de algumas comunidades, as pessoas são enganadas, elas assinam documentos pra receber compensações, recursos, pra manter áreas verdes, coisas que elas já fazem, tudo bem, mas, quando precisam fazer um manejo para plantar e botam fogo em determinada área, um fogo controlado que elas já fazem há muito tempo, pra descampar um determinado matagal, algo assim, essas pessoas estão sendo criminalizadas”, relata.

Plateia em auditório assiste aos palestrantes no palco.

“A gente precisa denunciar, por exemplo, que determinadas fontes de energia, que se colocam como fontes de energia não poluentes, trazem impacto ambiental enorme pras comunidades. A Marcha Mundial das Mulheres produziu alguns vídeos, por exemplo, falando de energia eólica. Fomos lá, em algumas comunidades no Nordeste, verificar os impactos ambientais. As pessoas sofrem de problemas de saúde absurdos nesses locais. Elas respiram poeira pura, o vento ali não para de levantar poeira, o barulho que elas escutam o dia inteiro, as casas delas racham, os animais caem mortos, passarinhos costumavam circular naquelas áreas”, aponta Tatiana. As exposições feitas durante o lançamento do Movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30” representam o início de uma grande agenda de eventos, previstos para acontecer no decorrer do ano de 2025, com expectativa de continuidade mesmo após a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas.

 
 

TEXTO: Ana Teresa Brasil - Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

FOTOS: Aryanne Almeida - Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

registrado em:
Fim do conteúdo da página

Hoje 104 Mensal 1944

Kubik-Rubik Joomla! Extensions