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Pesquisador paraense da UFPA leva olhares decoloniais sobre a dança para importantes eventos nacionais

  • Publicado: Segunda, 17 Novembro 2025 16:04
  • Última Atualização: Segunda, 17 Novembro 2025 16:06

O artista da dança, professor e pesquisador do Instituto de Ciências das Artes da Universidade Federal do Pará, Carlos Dergan, pessoa com deficiência, viajará no dia 18 de novembro para João Pessoa, onde apresentará trabalhos centrais de sua tese e de seus projetos artísticos no CONFAEB 2025, um dos principais encontros do país no campo da Arte e Educação. Seu percurso é marcado pela defesa de práticas decoloniais e pela valorização das corporalidades amazônicas, o que reforça sua atuação nos debates sobre arte, política, educação antirracista e modos de sentir amazônicos.

As pesquisas que serão apresentadas no evento fazem parte de sua tese de doutorado desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Artes da UFPA, sob orientação da Profa. Dra. Ivone Xavier, pesquisadora reconhecida por estudos que aproximam corpo, estética e experiências culturais diversas.

 Autoetnografia performática e corpos dissidentes no CONFAEB

No eixo Poéticas e Estéticas em Arte e Educação, o pesquisador apresentará o artigo “O espelho que ninguém enxerga e o espelho que alguns veem: uma autoetnografia performática sobre o corpo de um bailarino hanseniano”. Os pareceristas destacaram a força crítica do texto, que discute a invisibilidade de corpos afastados dos padrões clássicos de representação. A pesquisa entende o corpo marcado pela hanseníase como campo de criação, memória e reflexão sobre normatividades estéticas.

O pesquisador também apresenta “ANGÁ YBI A Alma da Terra”, trabalho que integra dança, teatro, fotografia e audiovisual para tratar de questões socioambientais que atravessam a Amazônia. A obra dialoga com autores como Achille Mbembe, Ailton Krenak, Gilles Deleuze e Félix Guattari, e já foi exibida no encontro Entre Arte e Acesso em São Paulo. A proposta valoriza a arte como forma de presença e resposta diante das pressões ambientais que atingem povos e territórios amazônicos.

Ballet político e crítica aos sistemas tradicionais de formação em dança

Outro estudo em destaque no congresso é “Rupturas e epistemologias insurgentes: descolonizando a formação do bailarino clássico na ETDUFPA”. A pesquisa estrutura o conceito de ballet político criado por Dergan e analisa como práticas tradicionais de ensino da dança, vinculadas a modelos históricos europeus, ainda afastam corpos amazônidas da profissionalização.

Nesse ponto, a fala do pesquisador sintetiza a proposta de seu estudo:

“O que faço na minha pesquisa é integrar vivências pessoais, debates político culturais e reflexões decoloniais para afirmar que a Amazônia não é periferia do pensamento. Ela é um centro legítimo de produção de saberes. Quando trago meu corpo e minhas experiências para a cena acadêmica, estou mostrando que a dança também é uma forma de pensamento crítico.  Dessa maneira trabalhar com a história social da dança, com o corpo amazônico e com as desigualdades que atravessam o ensino, eu não apenas amplio o debate estético. Eu também confronto teorias da educação e da política que ainda ignoram nossos territórios e insistem em modelos que não dialogam com a realidade de quem vive aqui. Minha pesquisa reivindica outro modo de formar, de criar e de existir, em que o corpo amazônico tem voz, tem presença e tem direito de ocupar espaços que sempre lhe foram e são negados.”

Essa perspectiva, defendida em sua tese e nos artigos apresentados, propõe ações pedagógicas que acolhem vivências diversas e valorizam modos de sentir ligados ao território amazônico. O estudo descreve formas de transformar a sala de aula em ambiente de criação, pertencimento e debate crítico, aproximando a formação artística das experiências reais dos estudantes.

O trabalho também discute o direito constitucional à arte e ao trabalho, muitas vezes limitado por critérios estéticos que reforçam a busca por um corpo idealizado. Dergan demonstra como esses modelos dificultam o acesso a oportunidades no campo da dança e revela tensões entre o que está previsto na lei e o que ocorre nas instituições formadoras.

Reconhecimento nacional na UFRGS

Além de sua participação no CONFAEB, o pesquisador foi convidado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul para participar do evento “Corpos em Movimento 2025, VI Jornada Internacional de Psicanálise, Educação e Cultura, e I Fórum de Discussão e Debates em Psicanálise e Política”, que ocorrerá entre os dias 27 e 29 de novembro.

Na ocasião, apresentará reflexões sobre “Rupturas e epistemologias insurgentes: descolonizando a formação do bailarino clássico na ETDUFPA” e publicará uma versão ampliada do estudo na revista Cadernos Zygmunt Bauman da UFRGS. O convite reconhece a relevância de sua produção teórica e artística no debate nacional sobre corpo, arte e políticas culturais.

Amazônia como centro do pensamento artístico

A presença de Carlos Dergan nesses eventos reforça o papel da UFPA e da Amazônia na produção de conhecimento em dança. Seus trabalhos demonstram que o território amazônico possui modos próprios de criar, pensar e ensinar arte. Ao integrar vivências pessoais, debates político culturais e reflexões decoloniais, a pesquisa coloca a Amazônia no centro de discussões atuais sobre estética, educação e direitos culturais, revelando que a universidade pública amazônica amplia e transforma os debates nacionais.

 

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