UFPA capacita professores de Educação Física por meio do Parfor

Uma aula mais contextualizada, que estimule os cuidados com a saúde e o desenvolvimento motor dos alunos, indo além das modalidades esportivas. Esses são os maiores benefícios apontados pelos professores que buscam o título de Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor).

Em 10 anos de atividade, o Parfor UFPA já abriu 19 turmas em Educação Física e 15 já foram concluídas, chegando à marca de 451 professores licenciados em 15 municípios do Pará e levando novas abordagens dessa área do conhecimento para os alunos da Educação Básica do Estado. A UFPA celebra os 10 anos do programa em cerimônia realizada nos dias 24 e 25 de outubro, no campus da instituição em Belém.

Antonia Garcia de Oliveira era pedagoga, mas passou a lecionar Educação Física em virtude da necessidade de professores especialistas na disciplina em São Caetano de Odivelas, no nordeste do Pará. Em busca de formação na área, a professora faz a segunda graduação na turma de Educação Física do Parfor UFPA, em Capitão Poço.

"Quando você começa a absorver o aprendizado, vê que o nível é muito mais do que você imagina em relação aos exercícios físicos. Hoje temos uma outra visão, o professor é responsável por uma cultura corporal que o aluno precisa receber, precisa ter esse entendimento e antes não tinha, porque a falta de formação deixava a desejar", comenta Antonia.

A professora enfrenta cinco horas de viagem entre os dois municípios para comparecer às aulas do Parfor, mas é motivada pela chance de levar uma nova abordagem da Educação Física e oferecer melhor qualidade de ensino para os alunos de São Caetano de Odivelas.

"O meu esforço conta muito, mas o retorno virá por meio do que eu vou estar levando daqui para aplicar lá no meu município. É eu cumprir minha parte de cidadã. É devolver para o município, que já me deu, algo que vai ajudar na aprendizagem daqueles alunos", comemora a professora.

Oeste do Pará - Assim como a maior parte dos integrantes da turma de Licenciatura em Educação Física realizada em Santarém pelo Parfor UFPA, a professora Shirley Loureiro mora e trabalha no município de Prainha, no oeste do Estado, enfrentando um trajeto de barco que pode chegar a 16h de viagem para participar das aulas do curso. Ela conta que nunca teve o privilégio de ter um professor realmente formado em Educação Física.

"O município de Prainha tem poucos professores formados em Educação Física, principalmente na área rural. Eu tinha uma visão de Educação Física que era só a prática, mas o conhecimento que a gente leva para aplicar nas nossas aulas muda esse conceito de que é só 'jogar futebol', só jogar 'voleibol'. Não, existem infinitos métodos e conceitos para serem trabalhados", diz a professora.

Shirley conta com os conhecimentos adquiridos no curso para traçar um perfil da educação em sua localidade em seu trabalho de conclusão de curso. "A minha pesquisa é qualitativa, voltada para a minha realidade de região de várzea, a realidade ribeirinha, no contexto profissional e pedagógico. É complicado. Eu moro numa área que é região alagada, tem o período do inverno que tudo fica submerso por seis meses, até sete, dependendo do tamanho da agua. É difícil...", lamenta,

"Quero ouvir o docente pra saber como é a vivência, qual é a visão dele, o que precisa pra dar uma boa aula de Educação Física, quais as dificuldades e como ele se supera diante disso, dentro desse contexto de água, de várzea, da estrutura da escola, até porque as escolas geralmente são de madeira, onde uma sala não tem forro... Então, como ele interage diante disso tudo?", questiona a educadora.

Objeto de estudo - O ensino de Educação Física no município de Prainha também será objeto de estudo de outro integrante da turma. Moisés Santana Pires também é formado em Pedagogia e hoje atua como professor de Educação Física. Sua intenção é pesquisar a atuação dos colegas de município.

Moisés conta que o tema de seu trabalho de conclusão é: 'Desvendando a recreação nas séries iniciais'. "Há uma preocupação, de minha parte, no trabalho de atividades físicas com as séries iniciais, porque existe a questão da maturação do aspecto físico e do psicológico e, lá em nosso município, não se está trabalhando isso nas séries iniciais", explica o professor.

"A educação de Prainha está um pouco defasada em relação a outros municípios, devido à questão geográfica, que é muito grande, porém eu vejo, hoje, uma luz no fundo do túnel, com a qualificação dos professores e a qualidade do ensino no nosso município em si", almeja Moises.

Além da turma de Educação Física, Santarém conta, ainda, com as turmas de Ciências Sociais e Artes Visuais ativas pelo Parfor UFPA, que já registrou a conclusão de 117 professores da Educação Básica no município: 36 alunos em Letras - Língua Espanhola; 26 alunos em Dança; 24 alunos em Filosofia; 19 em Ciências Sociais e 12 em Teatro.

Saúde - Rosilene Souza Almeida mora em Garrafão do Norte e atua como professora, há 8 anos, no município e também integra a turma de Educação Física do Parfor em Capitão Poço. O programa provocou um grande impacto não apenas em suas aulas, mas também em sua vida pessoal.

A filha de Rosilene sofreu um problema crônico de saúde, chegando a perder a visão e a habilidade de andar. "O Parfor veio abrir as portas pra mim e, através do Parfor, a minha filha veio se beneficiar. Ela levava muitas 'agulhadas' durante o dia e, com a atividade física, veio controlar a glicose dela, através do conhecimento que o Parfor me trouxe", celebra Rosilene.

Para ela, as aulas do curso de Educação Física trouxeram melhorias na qualidade de vida em geral. "A importância da alimentação, a importância das atividades físicas, não só para a realidade da escola, mas também para a convivência em família... É muito gratificante o que o Parfor tem feito em nossas vidas, o conhecimento é uma riqueza muito grande", comemora a professora.

Texto e Fotos: Alexandre Yuri Nascimento - Ascom Parfor